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sexta-feira, março 14, 2003
E EU QUE ESTAVA DE MALAS FEITAS
em regra, leio sempre os jornais com vários dias de atraso, e hoje ao folhear o DN do 12/03/2003 li este artigo. pois bem, tem o valor que tem. contudo, fico triste. já não vou conhecer o mundo à pala do estado e presumo que vão limpar o cú com a minha carta enviada na altura do anúncio da "agência de viagens" governamental. a carta Ex.mo Sr. Ministro, Venho por este meio, dirigir-me a V. Ex.a, devido a uma notícia que a TSF e outros meios de comunicação emitiram sobre um comunicado elaborado e emitido por V. Ex.a durante a audiência na comissão de Assuntos constitucionais. Tenho pena de ter lido o artigo em causa, ou seja, gostaria de ter estado à frente do Sr. Ministro. Existem determinadas acções em que a observação directa da postura de um Homem é fundamental para compreender o alcance e a determinação do mesmo. Como V. Ex.a o sabe, as palavras podem ser insidiosas, articuladas por forma a alterarem o inteligível e tornarem-se num discurso incestuoso, traindo muitas das vezes a intenção original da palavra, ocultando aqui e ali formas de expressão que se tornam ininteligíveis ao discurso gramatical, subtraindo toda a essência expressa no olhar convicto do orador, neste caso V. Ex.a. Castigo-me inúmeras vezes por não ter assistido ao vivo, a audiência na comissão de Assuntos constitucionais. Assim, fico sem saber, qual a postura com que enfrentou o Monstro da Cultura. Sim, esse Monstro que lentamente devora as entranhas do orçamento de estado, infestando de seguida um tipo de parasitas que contagiam a esterilidade que habita numa grande parte da população portuguesa. Em tempos de Reis, Rainhas, Princesas e Príncipes, o caso nem se punha em consideração, sendo a sua resolução fácil e bastante popular. Bastava chamar o Cavaleiro Negro para trespassar as vísceras fedorentas de tal Monstro. Nesses tempos, o Rei, por tal conquista era elogiado com longos vivas e não apupados pelo Povo. O Rei era um herói. O Cavaleiro Negro, esse, não fizera mais do que a sua obrigação, servir o Rei e o seu Povo, logo, após o fervor da vitória, era facilmente esquecido. Ex.mo Sr. Ministro, não entenda mal estas palavras, elas nada significam, nem mesmo uma fácil e tentadora analogia da relação entre o poder ditatorial de um Rei com o poder do Governo onde V. Ex.a é servo. Sim, servo. Ministro vem do latim ministrus, (criado) que significa servir o próximo, mas com toda a certeza e não o desconsiderando que, o Sr. Ministro sabe da origem das suas funções. Ex.mo Sr. Ministro, nos dias que ocorrem, o Povo tem já uma opinião e um poder inabalável – ao contrário de outros tempos mais longínquos - não fosse pelo Povo que o Sr. Ministro tão honradamente pudesse exercer a sua serventia para o bem do nosso país. O povo, já sabe ler, já sabe escrever, e imagine V. Ex.a que este Povo Português até se desembaraça muito bem com duas ou mais línguas, ao contrário dos nossos vizinhos mais próximos como a Espanha e a França. O povo já não é fácil de desarmar, e os Monstros já não existem, aliás existem, mas estão sob uma outra forma, e penso eu que até está entretido pelo Médio Oriente. Portanto, muito longe de nós, onde um apoio por parte do seu Governo até fica bem perante o Grande Mestre. Imagine só que o Povo até é possuidor de uma certa dialéctica, não me admirando nada do dia em que o Governo de V. Ex.a admitiu retirar do ensino, a disciplina de Filosofia no 12º ano de escolaridade. Somos um povo, que no Alentejo se dedica a criar Kant’s, e isto de uma forma natural, livre de quaisquer influência de manipulação genética, como se esta fosse a ordem natural de tal sítio geográfico. Já eu Sr. Ministro, sou um caso há parte. Sou um humilde cidadão que facilmente se perde no seu próprio discurso. Temo pelo meu intelecto. Temo que, agora, sem acesso ao processo cognitivo, a minha mente se afrouxe como um repolho de alface ao sol. Como não sou estudante, professor e nem sequer frequento o meio cultural do nosso país, tenho medo de cair num enorme vazio, sim nesse vazio onde tudo cabe, até a mais completa ignorância, que como sabe ocupa muito espaço. Não sei, tenho andado a interrogar-me do que farei neste marasmo, talvez me dedique a outros passatempos, como beber umas cervejas e contribuir para as receitas dos estádios de futebol, ajudando assim o Estado na sua economia. Em suma Sr. Ministro, venho por este meio aceitar a vossa proposta de negócio, não deixando no entanto de me sentir lesado. Mas como o Governo de V. Ex.a tem de se sentir vencedor em todos os negócios, enlevando o País ao justo reconhecimento da nossa alma de bravos e destemidos descobridores, não me sinto particularmente lesado, achando mesmo que até estou a contribuir para um melhor estado da nossa nação. Posto isto, aceito a viajem compreendida por uma volta ao Mundo, selando rapidamente este nosso acordo com um aperto de mão. Não se preocupe Sr. Ministro, basta apenas um aperto de mão, eu confio na sua integridade. Ponho apenas uma condição, que seja um aperto de mão firme e não frouxo. Sim, porque todos os negócios do Governo são selados com um aperto de mão frouxo e amarelo onde aparos de ouro lapidam assinaturas que o tempo gasta no papel. Sem outro assunto de momento, subscrevo-me com elevada estima e consideração, Atentamente, José Nelson da Silva Aires
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