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quinta-feira, julho 24, 2003
Até que eu digo - alto e em bom som - “Suzanna”. Rapidamente o sangue , como se descesse todo de uma só vez da cabeça, enrubesceu todo o meu rosto, de embaraço e de vergonha. O meu pensamento tinha acabado de me trair. Uma auto-traição. Tinha a certeza absoluta que, o estava apenas a dizer em pensamento e no entanto - segundo ao que me apercebi, olhando logo de seguida em volta, e em volta, as restantes mesas preenchidas olhavam para mim, completamente absortas e esbugalhadas de curiosidade – até cantei o nome: “Suzanna”.
Sim, confesso. Confesso que, a beleza daquela mulher me atingiu como uma melopeia suave e doce que penetra aveludada pelo ouvido adentro e nos encanta com o som ébrio dos seus gestos mudos. Sim, só pode ter sido isso. Fui encantado, e obrigado a revelar o secreto pensamento da sua morada de silêncio segredado. Desvendei-me da privacidade do posto de observador e passei a ser o observado. As regras desta vida efémera estão sempre a ser trocadas, é o mistério insolúvel do próximo segundo que nos governa, e ainda dizem que a vida não é cruel! Não dei pela sua chegada. Estava encerrado na leitura de uns livros. Sim, livros. Plural. Dois. Número par. Um mais Um. Um voando suspenso nas minhas mãos e o outro, deitado sobre a mesa, a repousar do voo que tinha feito à minha mente (Sei que estando numa esplanada a ler um livro e ter um outro em cima da mesa, soa um pouco a prepotência, mas é um hábito, dado que o meu estado de espírito se altera de um momento para o outro, e assim mais vale estar prevenido). Foi o seu perfume discreto e silencioso que gritou no meu olfacto. Um grito com hálito sedutor e fresco em perfeita harmonia com a sua pele, e que lhe deu vida, pairando assim o eflúvio dessa nova alma sobre mim. Com os meus sentidos, agora, ancorados na fragrância viva que logo me envolveu de curiosidade, vagaroso deixo o meu olhar escorrer pela cadeira abaixo e vou pelo chão à procura da silhueta delineada pela inclinação solar, por sua vez me deu a sua localização de recolhimento. Uma sombra sentada no chão, uma filha do sol fugida da luz do dia. No sol não há noite, todos nós temos um filho do sol agarrado aos nossos pés. Um filho que procura o silêncio e o reconforto da noite. No Sol nunca há noite. O contraste é o equilíbrio da vida, assim como o caos é a organização da natureza. Lentamente, fingindo que ainda estava a ler, o meu olhar começa a navegar pela sombra até ao encontro da sua fonte, até que, emergem seus pés, desnudados, apenas protegidos por umas frágeis sandálias de couro em que duas finas tiras se enroscavam pelas pernas acima, tal qual como a hera que trepa pela cal das paredes. Este tipo de sandálias faz-me sempre lembrar guerreiras de uma qualquer tribo desaparecida. Logo acima dos pés, pendia a eflorescência bordada do linho, leve e livre, produzindo ao andar, uma ténue brisa refrescante, que compunha o resto da sua saia branca caída sobre a anca reluzente e morena, onde, o umbigo, como um botão de uma flor, desabrochava imperceptível sob os raios de sol que lhe banhavam. Logo acima um biquini em lã ganhava forma na perfeita harmonia da simetria de seus seios, onde a regra de ouro, se estendia a todo o seu corpo. Corpo esse, onde culminava uma expressão de contemplação morena, um suave acetinado que lhe enaltecia as faces do seu frágil, mas, decidido rosto, longos irreverentes caracóis desciam do seu cabelo acastanhado e pendiam sobre os verdes olhos, atentos às pequenas coisas que compõem uma história feita de muitas histórias. Estou a penar pelas férias!!!! [o quê queriam mais? Isto é demência pura, eu quero e preciso é de férias!!!!]
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