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segunda-feira, julho 21, 2003

 

estilhaços


na seiva das horas nocturnas/
os segundos emaranham o tempo pela solidão do corpo//


prendem-no nos sulcos onde o rosto escava o finito/
nas suas densas camadas de melancolia que,/
por vezes um sorriso comporta a estibordo dos lábios//


na vasta profundidade da noite/
o corpo espera que esta seja limpa/
imobilizado no fundo de uma palavra/
repetindo-a inúmeras vezes, vezes/
até a despir do seu sentido efémero/
até que esta se quebre na boca como vidros estilhaçados/
cortando assim todo o seu sentido//


ninguém/
ninguém pernoita a sua sombra nos braços deste corpo/
desta palavra que é corpo bruto emaranhado no tempo vicioso/
um corpo viciado na distância que só a solidão aumenta//


em silêncio despenha-se a noite e com ela os ruídos do cio/
que emergem da plúmbea curvatura da luz aluada/
escorrendo como um ser possuído no corpo sequioso/
debruçado a escavar as palavras removendo-lhes as entranhas/
para ver do que são feitas as palavras/
bebendo-as e/
cuspindo as palavras, que estão mortas


© direitos reservados ao autor nelson d'aires

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Vermelhar   
o palato tem cor rosada. vermelho quando irado