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quinta-feira, julho 10, 2003
Laeh e Lada, morreram com o seu último desejo concretizado, serem enterradas separadas.
Para quem esteja a rir e a pensar que isto é uma tentativa de escrever humor, está muito enganado e pode sair já deste meu mísero blogue. Estou muito sensibilizado por as gémeas siamesas terem renegado o medo pela morte, contra tudo e contra todos fizeram valer os seus direitos máximos, o de, decidirem por si próprias o que fazer da vida. Com quase toda a certeza elas sabiam que iam morrer, mas não estariam elas já mortas? Qual de nós aguentaria viver três décadas presa a uma outra pessoa pela cabeça? Nem agrilhoados conseguiríamos, quanto mais pela união da carne (a carne apodrece, não sabiam?). Não estou em nada familiarizado com a história de ambas, o que sei é pouco, mas basta-me. Sei que há muito ansiavam por esta operação. Sei também que uma clínica alemã renunciou a operação, afirmando que, os riscos fatais eram demasiado evidentes, sacudindo a água do capote como quem dá um espirro. Ainda bem que as gémeas não disseram santinho e recorreram a outra clínica, na Índia. Na Índia, onde as vacas são sagradas, os corpos dos defuntos queimados na margem do rio Ganges, a pobreza mais do que muita, a riqueza espiritual mais do que muita, as cores de um país que ultrapassam o inimaginável, os baptismos nas águas poluídas do Ganges, os turistas que passeiam sob a sombra e tiram fotografias aos locais como se estivessem num zoo, um país que aceitou fazer a tão ansiada operação de separação. Pena foi que, tivesse criado uma enorme operação de marketing sobre tal íntima decisão de duas mulheres. Mas, nada a fazer, elas não se importaram, desembolsaram sessenta mil euros e partiram para a morte, para a libertação. Terá sido este um gesto de eutanásia camuflado? Será que todos nós fomos ludibriados pelo marketing e pela boa vontade de ver aquelas duas mulheres sepradas? Eu penso que sim, e se assim o foi, foi uma ideia genial, de se lhe tirar o chapéu. Laeh e Lada, descansem agora em paz, em vida já sofreram que chegasse para uma eternidade. nota: a operação foi em Singapura (e não na Índia), mas podia ter sido em qualquer parte do mundo.
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o palato tem cor rosada. vermelho quando irado |
