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quarta-feira, julho 23, 2003
Ontem, abandonei o meu corpo pelo areal de uma brisa nocturna que se banhava no marulhar açucarado de uma noite de Verão à beira mar.
No norte, as brisas nocturnas são frias, por descuido equeci-me de um agasalho e o meu corpo esfriou com a noite pelos ombros, encobrindo a minha passagem pelos que pescavam o seu lugar de espera. Quando se tem frio, a solução passa por abandonar o corpo, deixá-lo náufrago pelos poros do areal nocturno e procurar o refúgio da mente no som enrolado do marulhar... Tudo mentira! Tudo manifestações patéticas de encobrir a falta de ousadia. O corpo continua com frio, as feridas brevemente entorpecerão a mente, um é indissociável do outro, a carne é fraca e é carnívora. Necessitamos de corpos para nos alimentar, e quem o negar mente a si próprio, ou então está já em pleno delírio e com pouca margem de recuperação da sua sanidade mental. Um corpo aconchega-se com outro corpo, é infantil, chora e amua quando lhe falta a pele. A extensão da pele, como um deserto que queima quem lhe tocar e não respeitar. A efervescência, faz-se sentir arrepio cutâneo, apertam-se mais, desbravando os pêlos eriçados do corpo que lhes afasta a pele. Pele com pele, conduz o alimento pelos interstícios das suas formas até à mente. Tudo mentira quem pense na urdidura da manifestação poética como reparação ou substituição da falha, o logro é ainda maior. O corpo é nu! Nu se exposta ao mundo e implora também o que lhe pertence nu. Não há casaco que repare a falta de um corpo.
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