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terça-feira, setembro 21, 2004
enclosure
![]() se algum te dia te amar será por nunca ter sido preciso dizer amo-te para poder bater na porta da tua casa e corromper o sangue da tua linhagem. juntos deterioramos aquilo que para que fomos criados, talvez não haja amor maior do que esse. sem nunca ser preciso dizer amo-te, deixas que a infecção da minha seiva te coma aos poucos um pouco de ti e nas tuas entranhas criar o ninho da sua metamorfose. deixares-te comer por dentro é um acto de amor que me é vedado, é só teu, amo-te por isso. enquanto a mutação do meu verme dentro de ti, passo-lhe alimento através de um beijo na tua boca. o amor é deglutição. o eco do meu amor vagueia por entre os corredores dos teus órgãos. amo-te por não abrires a boca enquanto te obrigo a foder e assim não deixares escapar o rumor dos líquidos. há animais que rebolam o pêlo na decomposição de cadáveres. amo-te quando sabes que estou morto e apesar da putrefacção me tentas ressuscitar e o consegues. fotografia e texto | © direitos reservados ao autor nelson d'aires [caso deseje visitar ou comentar as entradas anteriores devidamente agrupadas por temas, é favor clicar aqui]
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![]() o palato tem cor rosada. vermelho quando irado |